Queda no preço do lítio não deve interferir nos investimentos 

Para especialistas, transição energética vai demandar lítio e assegurar os aportes 

A redução do preço do lítio ao menor patamar dos últimos dois anos e a desaceleração da economia chinesa, maior mercado de veículos elétricos do mundo, não devem impactar os investimentos bilionários em curso do mineral em Minas Gerais, segundo especialistas do setor produtivo. Para eles, a transição energética necessária para o planeta vai demandar lítio e assegurar os aportes. 

Para o professor do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), José Maria Leal, as oscilações de preço fazem parte do mercado. Ele lembra que o mineral já foi comercializado em patamares bem baixos, “quase de graça” há alguns anos. 

Leal observa que o cenário econômico muda e que há períodos de alta e de baixa dascommodities. Em 2021, por exemplo, o lítio foi a commodity de melhor desempenho em termos de preço. O preço do metal usado para a produção de baterias de veículos elétricos disparou 477,42% no ano, cotado a US$ 42.256 por tonelada em 31 de dezembro daquele ano.

O carbonato de lítio, componente vital das baterias de veículos elétricos, chegou a US$ 22.814 por tonelada na China, redução de quase metade de seu valor desde o início de junho.

Para o presidente da regional Norte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Adauto Marques Batista, a mudança de patamar no preço do mineral não deve interferir nos investimentos previstos para a região em razão da necessidade da mudança da matriz energética. “O mundo está passando pelo processo de descarbonização. É  um caminho sem volta”, frisa.

A especialista em direito ambiental e sócia do Nepomuceno Soares Advogados, Cristiana Nepomuceno, também não acredita em impactos negativos nos investimentos no lítio em Minas Gerais. Ela também aponta a necessidade do mineral em razão da mudança da matriz energética de diversos países. 

O conselheiro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Wallace Pereira, é otimista e defende que a perspectiva do mercado global de lítio é positiva para os próximos anos. 

E o governo de Minas está apostando no lítio, tanto que em maio deste ano o governador Romeu Zema (Novo) lançou, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a iniciativa Vale do Lítio (Lithium Valley Brazil). O projeto econômico-social tem como objetivo desenvolver cidades do Nordeste e Norte do Estado em torno da cadeia produtiva do lítio, gerando mais empregos e renda para a população das duas regiões. O lançamento foi feito na Nasdaq, maior bolsa de valores do mundo em negócios de tecnologia e inovação.

A estimativa do governo mineiro é atrair cerca de R$ 30 bilhões até 2030 em investimentos para a exploração e beneficiamento do mineral. 

O lítio está entre as grandes apostas dos chamados minerais industriais por suas funcionalidades e potenciais relacionadas às energias renováveis. Trata-se de um insumo estratégico à cadeia de energia limpa, o que poderá multiplicar sua demanda mundial em 40 vezes até 2040, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

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