Na sexta-feira (02/08) em que o Brasil conheceu sua primeira campeã olímpica em Paris 2024, a judoca Bia Souza, nosso país ganhou medalha em mais uma modalidade importante: a das sociedades onde os consumidores são compromissados com a agenda de sustentabilidade socioambiental, ética e boa governança.
Pesquisa divulgada naquela data pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que um em cada três consumidores brasileiros é engajado em só comprar levando em consideração as práticas das empresas em relação a funcionários, proteção ao meio ambiente e casos de corrupção.
Entre as mulheres, que tanto orgulho deram ao Brasil com medalhas de ouro, 39% deixam de comprar produtos de empresas que desrespeitam seus empregados, e 38% não compram de marcas que se envolvem em fraudes ou corrupção. Quanto à preservação ambiental, 36% delas deixam de comprar de marcas com práticas nocivas ao meio ambiente.
Já entre os homens, os índices são um pouco inferiores, mas similares, todos acima de 33%. No total, 76% dos entrevistados consideram a sustentabilidade uma questão fundamental na atualidade, bem acima da média mundial de 69%.
Aos poucos, nossa população se conscientiza de que sem preservação, não há futuro para a sociedade e nem para o progresso econômico. As marcas, cada vez mais imersas nessa realidade, precisam compreender que há enormes prejuízos financeiros no desrespeito à agenda ESG. Os consumidores estão de olho, e exigem boas práticas das corporações.
Indústria da mineração, metalurgia e da siderurgia prioriza ESG
Já uma pesquisa divulgada em 06/08 pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) mostra que as indústrias do segmento da mineração pretendem investir US$ 64,5 bilhões no período entre 2024 e 2028, com destaque para a sustentabilidade das operações, com aplicação de quase 17% dos recursos em ações socioambientais.
Metalurgia e siderurgia também seguem essa tendência. A vice-campeã no ranking de investimentos, uma multinacional que está entre as maiores companhias siderúrgicas do país, vai investir US$ 300 milhões por ano em projetos de PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação) nos países em que atua. O foco está em práticas mais sustentáveis.
Essa agenda positiva é fundamental para atrair investimentos para o setor industrial no Brasil. Hoje, as instituições de crédito exigem compromisso com a agenda ESG de forma efetiva. Fatores ligados à governança, por exemplo, são levados em consideração pois afetam a capacidade de uma empresa com gestão descolada das boas práticas internacionais honrar com o pagamento de suas dívidas.
O descompromisso com a agenda ambiental aumenta o risco de uma empresa ter de arcar com inevitáveis indenizações oriundas de condenações por infrações à legislação do setor, também comprometendo seu caixa e a capacidade de cumprir compromissos com os credores.
A ação em prol da agenda ESG não é mais um diferencial empregado para efeitos de marketing socioambiental, mas uma pedra fundamental para a própria sobrevivência institucional da marca.