Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante nos índices de violência contra a mulher. Essa realidade é o reflexo de uma cultura de machismo e desigualdade de gênero profundamente enraizada em nossa sociedade.
Essa cultura machista é um fator determinante na perpetuação da violência doméstica. Em sociedades onde o machismo é prevalente, as relações de poder são desiguais e as mulheres são frequentemente vistas como subordinadas aos homens. Essa visão distorcida de gênero contribui para a normalização da violência contra a mulher e dificulta a denúncia e a busca por ajuda.
Ademais, os desafios significativos relacionados à pobreza que o nosso país enfrenta também acabam por influenciar nesse alto índice. Essa condição cria um ambiente propício para a perpetuação da violência de gênero, uma vez que a falta de recursos econômicos e oportunidades pode intensificar tensões domésticas e limitar as opções de saída para mulheres em situações de abuso, além de restringir o acesso a serviços essenciais, como apoio legal e assistência psicológica, eficazes para a superação e prevenção da violência.
Nesse ínterim, importante ressaltar que a sustentabilidade, ou a falta dela, também desempenha um papel crucial no que diz respeito à violência contra a mulher. Um país sustentável não se refere apenas à conservação ambiental, mas também inclui a promoção de sociedades justas e igualitárias.
A sustentabilidade social envolve a criação de sistemas que garantam direitos iguais, acesso à educação, saúde, emprego digno e segurança para todos, independentemente do gênero. No Brasil, a insustentabilidade manifesta-se não apenas em desequilíbrios ambientais, mas também na incapacidade de criar uma sociedade que proteja e valorize suas mulheres.
Contrastando com países mais ricos e considerados mais sustentáveis, observa-se uma cultura que, em geral, promove maior igualdade de gênero e oferece sistemas de apoio mais eficazes para as vítimas de violência.
Nota-se, portanto, que a violência de gênero é um fenômeno complexo e multifacetado, refletindo também no desenvolvimento sustentável.
É nesse sentido o preconizado pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Referida agenda é um plano de ação global adotado em 2015 que visa promover o desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental até 2030. Composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, a agenda busca erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade.
A igualdade de gênero e a proteção das mulheres são componentes centrais da Agenda 2030, refletidos principalmente no ODS 5: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Esse objetivo inclui diversas metas específicas voltadas para a proteção e promoção dos direitos das mulheres, dentre elas a eliminação de todas as formas de violência.
Diante desse cenário, nota-se que a violência contra a mulher no Brasil é uma questão urgente que requer uma abordagem integrada e sustentável, levando-se em conta que sem a igualdade de gênero e a consequente erradicação da violência, o desenvolvimento sustentável não pode ser plenamente alcançado.