As cidades esponjas

Modelos de urbanização que consideram a integração com o meio ambiente precisam entrar em pauta

29/05/2024 às 15:17 • Foto: CNN Brasil

Cristiana Nepomuceno

As cheias no Rio Grande do Sul detectaram que a preservação da natureza é fundamental para a preservação das cidades e das espécies, inclusive a humana. O conceito de desenvolvimento baseado em desmatar para construir, plantar, asfaltar, sem levar em consideração os limites impostos pela lei, demonstrou que está fadado ao insucesso. Já foi se o tempo no qual asfalto era sinônimo de progresso!

O desenvolvimento está no tripé da sustentabilidade, juntamente com o meio ambiente e o desenvolvimento social, um é alinhado com o outro. Numa melhor conceituação, a sustentabilidade seria a interação equilibrada entre o econômico, o social e o ambiental, cuja balança no sistema capitalista é de difícil calibração, pela própria natureza do peso do vetor econômico baseado na sociedade de consumo, cada vez mais intensa.

O tripé da sustentabilidade ajuda na preservação para as próximas gerações. Não se pode mais ignorar as mudanças climáticas e seus efeitos. A tragédia climática que ocorreu agora no sul do país demonstrou que o desmatamento sem lei gerou perdas humanas e materiais. E o lucro que viria pelo desmatamento desmedido se transformou num grande prejuízo.

Ao longo das décadas esse modelo de asfalto e boca de lobo vêm sinalizando que não está dando certo e que grandes cidades brasileiras e de outras partes do mundo sofrem e sofreram com enchentes e inundações. O asfalto tornas as cidades impermeáveis e com as bocas de lobo entupidas de lixo, não é o lugar ideal para a água escorrer, o que ocasiona grandes alagamentos.

Como solução para essas tragédias climáticas nas cidades estão sendo projetadas as cidades esponjas, que são cidades criadas para absorver e manter a água da chuva através de sistemas de drenagem urbana sustentável locados a partir de uma infraestrutura verde.

As cidades esponjas incluem medidas como a criação de: parques alagáveis, telhados verdes, calçamentos permeáveis. Os parques alagáveis estão estrategicamente localizados à beira de um rio ou numa depressão para armazenar água. Possui passarelas que permitem o tráfego de pessoas mesmo nos períodos de cheia. Os telhados verdes são caracterizados pela vegetação na área superior dos imóveis em formato de jardim. E, por fim, os calçamentos permeáveis são as coberturas de solo porosa que permite que a água penetre no solo, sem ter encanamento.

A idéia surgiu na China, por causa de uma enchente que causou a morte de quase 80 pessoas em Pequim, tragédia semelhante à ocorrida no Rio Grande do Sul. Propostas como essa também estão sendo adotadas em outras cidades pelo mundo como Berlim, Copenhague e Nova York.

O arquiteto chinês Kongjian Yu explicou que “a proposta da cidade-esponja é preservar ecossistemas naturais, a sabedoria oriental de conviver com a água é a maior inspiração para esse conceito”.

A primeira cidade esponja data do ano 2012, e de lá para cá vem demonstrando que ser a alternativa adequada para nossas enchentes e destruição causadas pela chuva. À natureza responde-se com a natureza!

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