Na última semana, os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul viraram pauta nacional na mídia e nas redes sociais
08/05/2024 às 08:48 •
Na última semana, os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul viraram pauta nacional na mídia e nas redes sociais, por terem deixado um rastro de destruição no estado e várias cidades debaixo d`água. O Governo gaúcho decretou estado de calamidade.
Segundo a Defesa Civil, até a noite de segunda-feira (6), 385 municípios foram afetados, com 85 mortos, 134 desaparecidos, 339 feridos, além de milhares de pessoas desabrigadas. Além dos impactos sobre vidas humanas e animais, a tragédia também afetou o fornecimento de insumos e o transporte em rodovias, ferrovias e no aeroporto de Porto Alegre, assim como o funcionamento de indústrias, varejistas e de importantes produtores pecuaristas do país.
Alguns atribuem a situação à mera ocorrência de chuvas, com reflexo do El Niño. Porém estudos científicos apontam que o evento corresponde a um desastre climático, em um cenário até então inédito para o país. Não podemos mais negar os dados de mais de três décadas de observação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Fórum Econômico Mundial e todos os órgãos que fazem pesquisas na área. As mudanças climáticas são reais e os impactos em nossas vidas também são. Precisamos assimilar um fato (não é opinião): os desastres climáticos vieram para ficar. A natureza está em desequilíbrio, e é por isso que temos testemunhado esses eventos meteorológicos extremos. E ele não vão parar por aí: serão cada vez mais frequentes, extremos e fatais.
Precisamos entender a urgência das ações para a adaptação climática. São vidas de pessoas, a economia de um estado e parte do abastecimento de alimentos de um país. Diante de tragédias como essa, ainda temos uma conta perversa: os vulneráveis são sempre os mais atingidos, colocando em vantagem aqueles que contribuem para as mudanças climáticas, com a destruição da natureza, desmatamento e emissão de gases de efeito estufa.
Frente à realidade, precisamos enfrentar os problemas e propor soluções. Para as vítimas das enchentes e para o RS, precisamos do envio de resgate, operação de hospitais de campanha e a liberação de recursos financeiros destinados à reconstrução do estado. Para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir a ocorrência e/ou o impacto de novas tragédias, atendendo aos preceitos da Política Nacional sobre Mudança do Clima, da Lei n. 12.187/2009, precisamos do diálogo entre os Poderes, com políticas públicas eficientes, integradas e multidisciplinares, que tragam os particulares e os agentes econômicos para a mesma direção dos esforços públicos e que estejamos comprometidos com o desenvolvimento sustentável. Além disso, precisamos de ações concretas de adaptação para o curto, médio e longo prazo, transcendendo a atuação exclusiva dos governos.
Mais eficiente do que discutir de quem é a culpa pelos danos ou terceirizar a responsabilidade para empresas e governos, precisamos adotar hábitos mais sustentáveis como seres humanos. Situações como as vividas no sul do país são um convite para revermos a nossa forma de atuação e encontrar soluções capazes de promover a resiliência que precisamos.
Para as pessoas individualmente, a ONU aponta algumas práticas de estilo de vida mais sustentáveis, como (i) a recusa de itens de plástico de uso único: copos, talheres e pratos, que serão descartados após o uso; (ii) o consumo consciente de roupas e eletrônicos, com a aquisição de peças que terão vida útil longa e que sejam compostas por materiais recicláveis ou biodegradáveis; (iii) o planejamento do cardápio da semana, evitando o desperdício e com o reaproveitamento de sobras de alimentos em outras refeições; e, (iv) o uso de transporte público ou compartilhado, bem como o uso de bicicleta ou a realização de caminhada para pequenos trajetos. Também, em ano de eleições, precisamos avaliar as posturas e propostas dos nossos candidatos e o comprometimento com a causa.